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Produção industrial se estabiliza em um nível alto
Indicador que mede o uso da capacidade instalada pela indústria[br]cai um pouco, na primeira queda em 16 meses
Pela primeira vez em 16 meses, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria caiu em maio, na comparação com o mês anterior. Depois de ter atingido um dos níveis mais elevados em abril, de 85,1%, a capacidade instalada da indústria de transformação recuou 84,9% na série livre das influências sazonais em maio, aponta a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"Não me parece que a indústria esteja em queda. Há uma acomodação da produção num patamar elevado", afirma o coordenador da pesquisa, Aloisio Campelo. Para chegar a essa conclusão, ele considera outros resultados da sondagem, como o Índice de Confiança da Indústria (ICI) que cresceu 0,7% no último mês, após cair em abril. O ICI é um indicador do sentimento dos empresários em relação ao nível de demanda, estoques, negócios e expectativas de emprego e produção para três meses.
O economista observa que a retração da capacidade instalada da indústria em maio pode indicar que os investimentos recentes na ampliação de capacidade de produção estejam amadurecendo, isto é, entrando em operação. A outra explicação para a queda do índice é a retirada de incentivos, como o IPI para eletrodomésticos da linha branca (fogões, geladeiras e máquinas de lavar) e carros, que estariam reduzindo o ritmo de produção. De toda forma, ele pondera que ainda é cedo para concluir que há uma nova tendência,
De acordo com a pesquisa, que consultou quase 1.200 indústrias entre os dias 4 e 26 do mês passado, houve retração em maio no nível de utilização da capacidade instalada de três segmentos. Nas fábricas de bens de consumo duráveis, que inclui eletrodomésticos e carros, a capacidade instalada caiu 0,9 ponto porcentual de abril para maio. A pesquisa aponta que a utilização da capacidade instalada nas indústrias da linha branca recuou para 76% em maio, após ter chegado a 92,3% em abril. Há indústrias desse segmento, como a Mabe, que deram férias coletivas e programaram feirões para enxugar os estoques.
Também a produção prevista para três meses da linha branca mudou de tom, indica a sondagem. Em abril, 87% das indústrias consultadas projetavam crescimento da produção para três meses e 13%, manutenção. Em maio, apenas 19% das indústrias do setor projetavam aumento da produção para três meses e 81% esperavam manutenção.
Já entre os fabricantes de material de transporte, que inclui a indústria automobilística, a retração foi bem menos acentuada, de 89,7% para 89,4%, de abril para maio.
Além dos bens duráveis, a sondagem revela que houve no mês passado retração na capacidade de produção dos bens não duráveis, de 84,7% em abril para 81,9% em maio, e nos bens de capital, de 83,4% para 82,8%. Nesse caso, Campelo acredita que a queda pode sinalizar o fim de um forte período de expansão de investimentos.
Contramão. A capacidade instalada dos fabricantes de bens intermediários e de materiais de construção teve trajetória inversa, comparada com os demais segmentos. Puxado pelas exportações, o uso da capacidade das indústrias de bens intermediários subiu 0,8 ponto porcentual de abril para maio. No caso dos fabricantes de materiais de construção, a elevação foi de 2,2 pontos porcentuais em igual período, refletindo a forte aceleração que ocorre atualmente no mercado imobiliário.
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